Nasceu tarde, em pequeno banheiro num quarto barato de hotel.
Sem gemido.
Segurava suada a pia do banheiro, acocorada.
No aguaceiro que
desentranhava,
muda,
escorria a cria.
Cortou cordão, enrolou em cueiro, deu de mamar.
Dormiram.
Amanhecido, pagou pernoite e saiu da cidade...
longe das sibilantes
línguas dos olhos alheios.
Isso sabia do nascimento.
Cresceu no silêncio da mãe, em meio imagens do não dito
e aprendeu dizer
o bastável,
pra só ser.
linda imagem do poema!
ResponderExcluirDecadência do quarto a traduzir o humano; e querer tornar-se matéria orgânica: "organizar-se". E a dignidade-humana ("pagou pernoite e saiu da cidade") que teima em amainar a culpa das coisas.
Gosto, Jana, quando você toca no silêncio..."pra só ser"
Grande beijo, titia!
desculpe a demora! :P
Bjao
Alexandre Pedro