Sou poeta.
Não! Não sou!
Minhas irmãs de outras épocas diziam-se poetas.
Tinham de assumir um falo.
Eu?! Eu, se sou poeta, não sou.
"Não sou nada, nunca serei nada,
Não posso querer ser nada"
A poetisa não fragiliza minha poesia,
desentranhada do útero,
regada no meu sexo,
eviscerada num gozo,
nos ciclos da lua.
Poesia mulher:
febre flébil,
salgada marca delicada,
que se não ecoa
como Pessoa,
tatua a carne,
suave.
Escreve,
inscreve-se
líquida,
no vento.
Périplo é viagem. A minha é infinita... Sempre começando a mesma minha incursão em mim. E começá-la!
voyeur
domingo, 13 de setembro de 2015
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
Artes do amar
(ilustração: Otávio Mendes)
I
Melodia:
som que tiras
do meu corpo
com a boca.
Instrumento de sopro,
Deliro
Melodia:
som que tiras
do meu corpo
com a boca.
Instrumento de sopro,
Deliro
II
No meu sexo
semeias raízes,
teus dedos
desenham sonhos
ainda por ser
III
No meu sexo
semeias raízes,
teus dedos
desenham sonhos
ainda por ser
III
Com a boca
Consigo-te
tirar
notas sonoras
do mais harmonioso
silêncio
Consigo-te
tirar
notas sonoras
do mais harmonioso
silêncio
domingo, 1 de fevereiro de 2015
espera
tempo menino
mimado
brinca com as graças
das horas
e esquece
de mim
e os ocos
do meu de dentro
espera
gracejo do tempo
pra levar
o que não tem fimdomingo, 25 de janeiro de 2015
São Paulo 461
São Paulo, danação da minha vida!
é da delícia de suas contradições límbicas
que se renasce e se morre
e renasce-se.
da mistura de línguas, ergue-se babel absoluta,
e todos se afinam no venoso corpo seu
nas linhas do metrô
no colorido do seu cinza mais que cinza.
no estranhamento disforme dos seus órgãos
reconhecemo-nos ontem
hoje
desconhecemo-nos também.
seus pecados são todos
nossas dores
todas
brotam dos arranha-céus
sombrando-se sobre antigos casarões
onde não mora ninguém
e tantos sem ter onde morar
ou comer.
limbo amorfo
seu silêncio ecoa
ruídos
gritos mudos
que recolho e acalento
num oco doido
doído
paulistano coração.
é da delícia de suas contradições límbicas
que se renasce e se morre
e renasce-se.
da mistura de línguas, ergue-se babel absoluta,
e todos se afinam no venoso corpo seu
nas linhas do metrô
no colorido do seu cinza mais que cinza.
no estranhamento disforme dos seus órgãos
reconhecemo-nos ontem
hoje
desconhecemo-nos também.
seus pecados são todos
nossas dores
todas
brotam dos arranha-céus
sombrando-se sobre antigos casarões
onde não mora ninguém
e tantos sem ter onde morar
ou comer.
limbo amorfo
seu silêncio ecoa
ruídos
gritos mudos
que recolho e acalento
num oco doido
doído
paulistano coração.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Ar Dor
Umidificar inocências
em
mim,
escorrer-me
por dedos
sábios
(entre) ágeis
quentes cantares,
jocosas jactâncias
frêmito
ardido
É febre o que sinto.
em
mim,
escorrer-me
por dedos
sábios
(entre) ágeis
quentes cantares,
jocosas jactâncias
frêmito
ardido
É febre o que sinto.
gravura de Milo Manara
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