13 anos. Entrou em casa correndo e veio logo me mostrando, ‘Olha, mãe, a minha primeira playboy’.
Ri, de puro desconcerto.
A moça loira, de belo bumbum empinado em minúscula calcinha vermelha, afrontava com o olhar, na capa da revista. Anunciava o fim do meu reinado.
Com as armas que tinha, e ainda pega de surpresa, tentei contrargumentar, ‘mas filho, você não é muito novo?’, ‘Não!’ - e a tolice, mais uma vez, saiu dos meus lábios sem querer, ‘O que você vai fazer com isso?’.
Pausa.
E o medo que tive da resposta que imaginara e que certamente não queria ouvir! E aquele segundo eterno nos nossos olhos, tantas vezes cúmplices. E o mundo parando pra que eu definitivamente percebesse que meu menino crescera...
‘Vou ler ué!’
Ri de novo, agora de conserto. Por pura piedade ele me consertara. Disse o que se diz a uma mãe tola e eu aceitei a tolice que me cabia, porque me cabia deveras. – Continuávamos cúmplices!
‘Quero só ver a cara do Vinícius quando eu mostrar pra ele o que eu tô lendo!’ – e foi pro quarto gritando ‘sou homem, sou homem’, com o pôster da loira nas mãos, nuinha.
Deliciei-me com a coincidência. Machado que me perdoe, mas é a pura verdade.