voyeur

domingo, 25 de janeiro de 2015

São Paulo 461

São Paulo, danação da minha vida!
é da delícia de suas contradições límbicas
que se renasce e se morre
e renasce-se.
da mistura de línguas, ergue-se babel absoluta,
e todos se afinam no venoso corpo seu
nas linhas do metrô
no colorido do seu cinza mais que cinza.
no estranhamento disforme dos seus órgãos
reconhecemo-nos ontem
hoje
desconhecemo-nos também.
seus pecados são todos
nossas dores
todas
brotam dos arranha-céus
sombrando-se sobre antigos casarões
onde não mora ninguém
e tantos sem ter onde morar
ou comer.
limbo amorfo
seu silêncio ecoa
ruídos
gritos mudos
que recolho e acalento
num oco doido
doído
paulistano coração.

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