voyeur

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Silentes

Nasceu tarde, em pequeno banheiro num quarto barato de hotel.
Sem gemido.
Segurava suada a pia do banheiro, acocorada.
No aguaceiro que desentranhava,
muda,
escorria a cria.
Cortou cordão, enrolou em cueiro, deu de mamar.
Dormiram.
Amanhecido, pagou pernoite e saiu da cidade...
longe das sibilantes línguas dos olhos alheios.
Isso sabia do nascimento.
Cresceu no silêncio da mãe, em meio imagens do não dito
e aprendeu dizer o bastável,
pra só ser.

Um comentário:

  1. linda imagem do poema!
    Decadência do quarto a traduzir o humano; e querer tornar-se matéria orgânica: "organizar-se". E a dignidade-humana ("pagou pernoite e saiu da cidade") que teima em amainar a culpa das coisas.
    Gosto, Jana, quando você toca no silêncio..."pra só ser"
    Grande beijo, titia!
    desculpe a demora! :P
    Bjao
    Alexandre Pedro

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