voyeur

quarta-feira, 13 de abril de 2011

perdida



O dia foi perdido.
Gastei-o a pensar-me, a tentar me explicar o que em mim não entendo.
É o olhar pra dentro um descentralizar.
Porque não me reconheço em mim. E o eu que sou, fora de mim, me é mais fácil, mais próximo, porque eu o criei.
Eu, aqui dentro, sou só uma essência leve, tão fugaz que me misturo com meu perfume, mas só eu o sei.
O perfume. Esse doce amadeirado às vezes se excede...
E eu me dou náusea.
Me perco de mim.

6 comentários:

  1. lindo, mas dói!
    lembrei-me do trecho de um poema do Drummond..rs

    "Itabira é apenas uma fotografia na parede.
    Mas como dói!"

    Somos só o que nos podemos explicar; mas como dói!
    Bjs

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  2. O "famigerado" desejo pelo autoconhecimento, a que todos dizem dedicar-se, mas poucos ousam buscá-lo.

    Porque dói, porque sangra, porque jorra um ser com três cabeças e assustador, quando o desvendamos daquelas sombras tão habilmente ocultas.

    E não adianta apelar para o "isqueiro mágico" de Andersen, porque será com este "outro eu", quase um inimigo por nos despir e expor-nos em nossos mais íntimos e secretos mistérios e desejos, que devemos o embate final.

    Janaína, primoroso texto por conter a verdade inconteste que provoca a referida "náusea"...
    Magnifico. Adorei. Parabéns!!!

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  3. Tão importante quanto o pensamento é a imaginação;palavra feminina faz com que aquela que imagina crie novas realidades outras verdades e não fique presa aquele que é tão duro, seco e varão mas que paradoxalmente também é mola porripotente motor da criação.

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  4. Lendo as suas palavras, além do cheiro amadeirado, senti cheiro de "café preto que nem a preta velha".
    Um abraço!

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  5. as vezes as paisagens de dentro murmuram, outras deixam o rastro no perfume, poucas emergem, mas todas nos revelam

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  6. Eu, aqui dentro, sou só uma essência leve.
    Me too.
    Bjs.
    Ione Kadlec

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